Como a rigidez nas regras pode limitar a criatividade

Outro dia estava assistindo na Tv a um daqueles programas de comédia, onde a protagonista chegou muito atrasada ao seu compromisso e quando perguntada sobre o porquê do atraso ela se justificou dizendo que se atrasou porque estava no ponto do ônibus e quando sua condução chegou e ela ia entrar, parou ao ler um aviso escrito na lateral do veículo, deu alguns passos rápidos para trás até que o ônibus foi embora.

Depois de repetir a mesma atitude mais algumas vezes quando outros ônibus vieram, decidiu-se por tomar um táxi até seu compromisso, onde finalmente chegou com considerável atraso.

E o que estava escrito que a impediu de entrar no ônibus? Somente duas palavrinhas: Mantenha Distância.

Obviamente, como acho que qualquer um faria, eu ri bastante daquela situação inusitada e cômica, mas depois de alguns instantes me pus a analisar aquela cena e me vi perguntando a mim mesmo se eu também não teria agido da mesma maneira em alguma outra situação, ou seja, será que algumas vezes eu ajo, ou reajo, de forma literal?

Acabei descobrindo uma certa dificuldade em lidar com palavras usadas com duplo sentido e que geralmente respondo ao sentido literal delas, o que acaba provocando diversas risadas algumas vezes, mas provocando constrangimentos em outras.

Ser literal pode colocar alguém em dificuldades ou livrá-la de outras tantas, e talvez o único remédio para lidar com as consequências seja o bom humor.

Literalmente, levar tudo ao pé da letra, quase sempre nos coloca em situações engraçadas e isso me leva a pensar na seguinte pergunta? O quão literal você leva sua vida?

A maioria de nós prefere acreditar que é flexível e ajustado a esses desafios e que, consequentemente, não é de interpretar nada ao pé da letra, mas não é bem assim, principalmente na vida profissional.

São tantos métodos, normas, instruções, regulamentos e regras definidos e determinados em manuais, guias, códigos e legislações que acabamos fazendo apenas o que está escrito e da forma mais literal possível em nome da sobrevivência do nosso emprego ou da nossa posição na empresa.

É obvio que ninguém admite isso publicamente, o que é compreensível, porém esta atitude provoca um efeito colateral inconveniente, cuja principal vítima é a própria empresa, que é o fato de que ninguém assume a responsabilidade por nada, visto que todos os processos de trabalho estão previstos e pré-determinados em algum documento oficial.

Essa padronização objetiva a produtividade, mas muitas vezes inibe a competitividade porque impede o processo criativo ao não abrir espaço à experimentação do tipo tentativa e erro.

A literalidade traduzida em normas e procedimentos visa o equilíbrio e a continuidade da produção, impondo uma rigidez onde mesmo as variáveis são previstas, muitas vezes estipulando percentuais permitidos ou aceitáveis para elas. Até os riscos são previstos e calculados.

E os colaboradores, como ficam nesse processo literal? Bem, eles seguem o que está escrito, de preferência ao pé da letra.

Como gestores é preciso exigir a padronização, mas é fundamental não esquecer que nossos colaboradores e nós mesmos não somos máquinas e com isso abrir espaço para o novo, para o diálogo criativo que tem o poder de alavancar o crescimento competitivo de nossas empresas quando bem orientado e estimulado.

A partir de agora, mantenha distância, mas nem sempre.

Comentário Final:

A reflexão sobre o comportamento literal e suas consequências no dia a dia, como destacado em “Mantenha Distância”, nos faz pensar sobre o quão importante é equilibrar normas e flexibilidade. Esse tema está presente em outros artigos, como em [A vida não é só preto e branco], onde discutimos a complexidade das decisões e julgamentos, e também em [Entre o agora e o nunca], que aborda a importância de tomar decisões no presente e ser flexível nas escolhas. Além disso, é interessante refletir sobre como a padronização e a falta de criatividade podem afetar a competitividade nas empresas, um tema que também se conecta com o artigo [Felicidade Insatisfeita], ao abordar a busca contínua por mais e a necessidade de inovação.

Convite:

Convido você a conhecer meus livros, onde compartilho mais reflexões e insights sobre como equilibrar normas, criatividade e tomada de decisões de forma a alcançar um crescimento contínuo e satisfatório, tanto pessoal quanto profissionalmente.

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A Essência Por Trás das Minhas Palavras

A Transformação de uma Situação Cômica em Reflexão Profunda

Quando escrevi sobre a personagem que se atrasa por um aviso na lateral de um ônibus, eu queria, na verdade, mostrar como situações simples e cotidianas podem ser mais do que parecem à primeira vista. O que parece ser apenas uma anedota engraçada sobre alguém que se prende à literalidade de um aviso, acaba se tornando uma metáfora sobre a maneira como, muitas vezes, seguimos normas e instruções sem questionamento. Para mim, isso é algo muito relevante: pegar algo tão trivial e aparentemente irrelevante e usar isso para explorar um ponto profundo sobre a vida. Acredito que, por muitas vezes, as reflexões mais complexas surgem de momentos simples e, com isso, eu quis quebrar a ideia de que tudo precisa ser dramático ou grandioso para gerar uma reflexão verdadeira. Ao usar o humor, o que me pareceu ser uma maneira leve de abordar algo, eu tentei abrir espaço para discussões existenciais e práticas que nos tocam no nosso cotidiano. Isso me fez pensar sobre como, em nossa vida, tendemos a aceitar as regras sem questioná-las, como se fosse a única maneira de agir.

A Crítica ao Conformismo e à Rigidez das Normas

Conforme avancei com o texto, fui além de apenas refletir sobre a literalidade das normas e procurei abordar algo que me parece muito relevante hoje em dia: o impacto das normas rígidas no nosso comportamento, especialmente no mundo corporativo e social. A crítica que fiz à padronização não é só um questionamento das normas em si, mas um alerta sobre como essas normas podem sufocar a criatividade e a inovação. Sempre senti que é preciso encontrar um equilíbrio. E quando escrevi sobre a necessidade de questionar a rigidez das regras, não foi com a intenção de dizer que as normas são ruins, mas sim de sugerir que, muitas vezes, elas não devem ser seguidas sem reflexão. Eu queria mostrar que, embora a ordem seja necessária, ela precisa ser ajustada à nossa realidade e humanidade. Por isso, a mensagem que quis passar é que há lugar para o questionamento e para o espaço da individualidade, sem abrir mão da responsabilidade e da organização. Acredito que o grande diferencial, e o que me motivou a escrever dessa forma, foi destacar que não se trata de abolir as regras, mas de permitir um espaço para a criatividade e o pensamento autônomo dentro desse sistema.

Conclusão

O que eu busquei ao escrever essas reflexões foi a criação de uma conversa que fosse pessoal, ao mesmo tempo em que instigasse uma reflexão profunda sobre os caminhos da vida. Ao conectar conceitos filosóficos e questões cotidianas de forma simples, eu procurei mostrar que a vida não precisa ser encarada de uma forma rígida ou difícil de entender. As ideias que compartilhei têm o objetivo de ser um convite ao crescimento pessoal e à conscientização, sem a necessidade de um discurso pesado ou técnico. No final, meu objetivo era criar um espaço de aprendizado e autodescoberta, onde a reflexão sobre a sociedade e as normas não ficasse distante ou impessoal, mas fosse algo que tocasse o coração.